Resenha - Livro: Frankenstein, Mary Shelley
Frankenstein", publicado por Mary Shelley, em 1818, é um livro sobre solidão.
Victor Frankenstein, protagonista do livro, decide criar um ser que ultrapassa os limites das ciências naturais. Com membros maiores do que os de um ser humano, dotado de cérebro e inteligência, o monstro ganha vida própria.
Assustado, o cientista foge e perde a criatura de vista. Ele tenta levar a vida como se aquilo nunca tivesse acontecido, até que mortes misteriosas começam a assombrá-lo. É claro que, de imediato, Victor pensa no monstro como principal suspeito.
Basicamente, a história é essa. Mas a riqueza está na construção do texto. Há várias narrativas dentro das narrativas, perfeitamente amarradas e envolventes. Ao longo da obra, o leitor é conduzido por diferentes narradores, dotando de humanidade aquilo que, em teoria, não a possui (refiro-me a Victor).
"Frankenstein" é um marco da ficção científica. Foi escrito por uma mulher. Tem mais perguntas do que respostas. Gera angústia, repulsa, compaixão, curiosidade e traz a certeza de que, passe o tempo que for, não há como fugir dos nossos atos.
Opinião:
Cena do filme "Mary Shelley" |
Os clássicos não são clássicos à toa.
Um dos melhores livros que li na vida. Quem convive comigo não aguenta mais me ouvir falar sobre ele. Fui completamente sacudida por essa obra. A história me fez pensar em como dói se sentir sozinho, quando essa não é uma escolha sua, mas de outra pessoa.
A leitura neste contexto de isolamento social, tão reflexivo, deixou tudo mais intenso. Me vi no cientista, no monstro, nas personagens secundárias que não têm culpa de nada, mas acabam pagando um alto preço. Fiquei melancólica, fascinada, animada, aflita, tudo junto. De vez em quando precisei pausar a leitura para digerir o que estava sentindo.
A genialidade da narrativa de Mary Shelley me fez ter esperança de que vamos superar o coronavírus. Se um cérebro humano conseguiu conceber este livro maravilhoso, tantos séculos atrás, algum grupo há de descobrir uma vacina em breve. O mundo me pareceu pequeno. Senti o impossível, possível.
Cheguei até "Frankenstein" depois de assistir ao filme "Mary Shelley" (2017), disponível na Netflix. A escritora responsável pela obra é uma figura muito interessante. Nascida em 1797, tinha pais modernos até mesmo para os padrões de 2020.
Casou-se ainda jovem com o poeta Percy Bysshe Shelley, com quem teve uma vida cheia de paixão e sofrimento. O livro "Frankenstein" surgiu de uma aposta entre o casal e Lord Byron. Num dia de chuva, os amigos criaram uma competição de histórias de terror. Não li as outras, mas sei bem qual foi a melhor.
Mary Shelley, escritora de "Frankenstein" |
Avaliação:
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