[Resenha] - Livro: A extraordinária viagem do faquir que ficou preso em um armário Ikea

O livro "A extraordinária viagem do faquir que ficou preso em um armário Ikea", escrito por Romain Puértolas e editado pela Record, tem 256 páginas e conta a inesperada aventura de Ajatashatru Ahvaka (pronuncie como amarre aqui sua vaca,  haja urubu e vaca, acha que está cru ou do jeito que preferir).

Ele nasceu na aldeia indiana de Kisheyogoor (quiche e iogurte) e, com a morte de sua mãe, foi abandonado também pelo pai. Criado por uma vizinha - a quem deve sua sobrevivência -, Ajatashatru pagou, na infância, o preço por ser uma criança desenvolta e bonita nascida numa sociedade problemática. Explorado sexualmente desde os nove anos, aprendeu a duras pedras que, para conseguir uma vida confortável, precisaria ser trapaceiro.

Faquir profissional, Ajatashatru Ahvaka Singh era capaz de engolir cacos de vidro, entortar garfos na língua, serrar partes do corpo... tudo com ajuda de truques e materiais que garantiam essas ilusões. Com sua lábia, convenceu as pessoas de sua aldeia de que precisava urgentemente viajar para a França! O motivo? Dores nas costas que só seriam curadas se comprasse uma Camadepregosa - um modelo de cama de pregos vendida pela Ikea. Sua intenção verdadeira era revendê-la quando retornasse à Índia.

A população juntou o dinheiro para as passagens e a compra da cama seria feita com uma nota de cem dólares falsa impressa apenas de um lado. Ajatashatru chegou à Europa e a primeira pessoa com que teve contato foi um taxista cigano que enganou com essa mesma nota de cem. Mal sabia ele que naquele momento surgia uma tremenda e perigosa inimizade.

Já na loja Ikea, o faquir fez a encomenda da cama e efetuaria a compra no dia seguinte. Como não tinha dinheiro para hotel, decidiu passar a noite ali mesmo. Enganou uma moça na fila do restaurante, fingindo que ela quebrara seus óculos. Com pena, ela lhe pagou uma refeição e ainda lhe deu algum dinheiro. Seu nome era Marie e, apesar das condições em que se conheceram, acabaram se apaixonando. Despediram-se jurando que se reencontrariam.

A loja fechou e, sem perceber que esta era repleta de câmeras, Ajatashatru deixou o esconderijo sob uma das camas e decidiu dar uma volta por ela. Foi quando ouviu um barulho e, assustado, se escondeu dentro de um dos armários. Os sons que ouvira vinham de funcionários que embalariam mercadorias. O armário Ikea - contendo um homem de turbante, rosto moreno atravessado por um bigode, grande, seco e nodoso como uma árvore - foi então despachado para outro país.

Tem início aí uma viagem involuntária do faquir por diversos países. No trajeto, ele tem contato com imigrantes ilegais, celebridades e piratas. O livro de Romain Puértolas surpreende, encanta, faz rir e, também, emociona. Essa aventura reconstrói os valores do indiano Ajatashatru que, de faquir, passa a escritor. Os "baques" sofridos por ele acabam tendo impacto na vida do leitor.

Opinião: Comecei dando risada, depois fiquei triste e, então, feliz de novo! Um livro que explora emoções e tem capítulos curtos - o que eu adoro! A capa e o título chamam a atenção e atiçam a curiosidade. O Grupo Editorial Record enviou um exemplar acompanhado de pregos e parafusos. De início, claro, não entendi. Com a leitura, vi que esse era o alimento de Ajatashatru - pelo menos o que ele fingia comer diante de sua aldeia.

Como desconheço a cultura indiana, não sei se a representação feita por Romain Puértolas condiz com a realidade. (Não me assustaria, no entanto, se fosse verdadeira. Pelo menos com base no que tenho visto nos jornais). O autor trata também da imigração ilegal, ao incluir nas aventuras do faquir personagens que tentam a sorte na Europa para enviar dinheiro às suas famílias.

Leitura gostosa e engraçada, "A extraordinária viagem do faquir que ficou preso em um armário Ikea" me surpreendeu positivamente. Há, ainda, dentro do livro, um outro livro! O faquir, durante a história, escreve "Deus viaja de táxi". Acompanhei e torci pelo amadurecimento do personagem principal e super recomendo a leitura! 

Avaliação:

Comentários

  1. Eu ri com sua resenha e fiquei super instigada a conhecer esse personagem a enveredar por esse universo. Eu amo a Índia, tenho lido desde sempre livros que falam sobre ela e sempre quero saber mais e melhor das coisas desse país que a despeito do que parece é muito semelhante ao Brasil quando o assunto é desigualdade.

    Pandora.

    ResponderExcluir
  2. Parece ser muito bom! A começar pelo título, que é sensacional rsrs
    Adorei a resenha (pronuncie como amarre aqui sua vaca hahahahaha)

    Beijo!

    ResponderExcluir
  3. Ótima resenha Thaís :D Já tinha lido outras, mas nenhuma mencionou que tinha uma outra história dentro dessa, gostei muiiiiito muito :)) To super ansiosa pra ler! Beijinho :**

    ResponderExcluir
  4. Adorei demais a resenha. Mas DEMAIS msm, contanto que até comprei o livro logo após ler a resenha e estou super feliz que ele já chegou.
    Parabéns pelo blog meninas.

    Beijos.

    http://maio97.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Li ontem durante um voo de 1:40, onde quicava de rir baixinho e hoje entre Ipanema e Botafogo num ônibus municipal.
    Criatividade, humildade e simplicidade. Receita perfeita para leitura que desce como água. Tremendo pastelão, porém muito mais criativo e inusitado do que os pastelões que me recuso a ver nos cinemas.
    Aliás, li em algum lugar que já vai virar filme. Recomendo tb!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada pela visita, sua opinião é muito importante! :)